Este post e a necessidade de escrevê-lo surgiram após ler uma reportagem da agência Ecclesia (http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=92314) e com a qual concordo na totalidade. Cada vez são menos os padres, o número de paróquias é o mesmo, e só com a ajuda dos cristãos leigos empenhados e solidários para com a Igreja é que se conseguirá trabalhar "a messe do Senhor" com a mesma eficácia. Mas só aliado de uma mudança de mentalidade e uma renovação da cultura e da sociedade. E é isso que mais me preocupa e absorve.
Infelizmente a cultura/sociedade actual está "mimada", "preguiçosa" e "cega". Habituada às novas tecnologias, à Internet e à televisão que nos habituaram a estar à distancia de um clique. Habituou-nos ao "culto do agora e do já". E quando nos é pedido uma CAMINHADA... acabamos por desvalorizar e colocar de parte. Queremos "cortar totalmente as nossas dificuldades" para que nos seja mais fácil e cómodo, mas assim não seremos verdadeiramente cristãos. Pois para seguir Cristo temos de fazer escolhas que colocam o Outro em 1º lugar e nós em 2º plano... Se não fizermos essas escolhas e se não suportarmos essa "cruz" acabamos por não conseguir seguir Cristo.
Talvez por isso haja menos candidatos ao sacerdócio (seminaristas). Talvez por verem que seriam muitas as dificuldades, muitas as escolhas difíceis e uma LONGA CAMINHADA, apenas com uma certeza: Deus ama-nos e que por isso nos chamou e continua a chamar esperando grandes coisas de nós. Apenas temos essa certeza, e é através dessa certeza que encontramos a nossa felicidade, a nossa realização pessoal e as nossas forças para continuar a caminhar.
Quando falo em longa caminhada não me refiro apenas aos longos anos de seminário (pelo menos 7 anos de Seminário Maior). Refiro-me à longa caminhada que será toda a vida. Pois quem se compromete para seguir Cristo, compromete-se a fazê-lo durante toda a sua vida. Essa caminhada acaba por nos exigir algum cansaço físico (muito trabalho pela frente... muito caminho a percorrer), cansaço emocional (porque teremos multidões para AMAR e ACOMPANHAR, para as ouvir, aconselhar, abraçar, sorrir e até mesmo nos maus momentos chorar com elas) e cansaço espiritual (porque nos é pedido uma caminhada para a santidade, e nós como homens que somos temos de trabalhar muito e orar ainda mais para que se consiga pelo menos aproximar o máximo possível desse caminho de santidade).
"Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me." (Mateus 16, 24).
Esta frase resume todo este caminho. É um caminho longo, carregando dificuldades, em que temos de nos renunciar para dizer-mos "SIM" a Cristo personificado nos nossos irmãos que precisam de nós. Mas com uma grande honra como "recompensa", seguir o Mestre.
E o que entristece é que a sociedade ao estar habituada ao "aqui e agora" não consegue muitas vezes ver/ouvir o Chamamento d'Ele.
Porque Ele sempre chamou, chama e chamará. Nós é que nem sempre temos a disposição para O ouvir, o tempo para O acolher e a alegria e o amor para Lhe poder rezar. Porque só Lhe reza quem O ama, porque só O segue quem está disposto a caminhar toda a vida com a função de "semear" sorrisos em troca de muitas preocupações, muito trabalho, muita dedicação, mas acima de tudo muita ALEGRIA.
Termino com um abraço/agradecimento e um pedido de desculpas.
O abraço é para o meu actual pároco e amigo, Pe. Nuno, que foi quem me acompanhou mais de perto durante estes últimos 5 anos de descoberta sacerdotal, estes 5 anos de caminhada, que me ouviu, me acompanhou, me ensinou e ajudou. Ele que também é um grande exemplo (para mim e não só) de entrega, de caminhada, de trabalho e dedicação. Um grande abraço não só a ele, mas extensível também a todos os seminaristas, padres e bispos que continuam a segui-Lo e que em Seu nome guiam todos os fiéis.
E peço desculpa por não ter publicado nada desde há quase 1 ano, a minha sabedoria não é tanta quanto a que desejaria nem tanta para que possa instruir os seus leitores/seguidores, mas espero que os meus posts possam servir para ajudar quem necessite.
Do vosso amigo,
André Silva
